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Menos mortes nas capitais e mais no interior

Dados do estudo « Mapa da Violência 2012 ».

Artigo publicado pelo Senado na revista « Em discussão », em número especial, com título « Explosão de motos e mortes » de Novembro 2012 (página 28).

A mortalidade causada por acidentes de trânsito teve um crescimento na década passada em praticamente todo o país. Considerando o aumento da população, o incremento real da mortalidade foi de 25,8%. A exceção foi o Rio de Janeiro, com queda de 11,6% e taxa de 14,4 mortes por cada 100 mil habitantes. Minas Gerais é o estado que tem a menor proporção de mortes de motociclistas em relação aos óbitos totais do trânsito (20,7% do total), apesar de ser o único estado fora das Regiões Norte e Nordeste onde existem mais motos registradas do que motoristas habilitados (leia mais sobre o tema na pág. 34).

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O Mapa da Violência 2012 relata que, na década passada (2001—2010), apesar da maior densidade e volume do tráfego, a evolução da mortalidade no trânsito das capitais foi bem menor, se comparada às estatísticas por estados e mesmo em escala nacional. Nos estados e no DF, o crescimento médio foi de 25,8%, enquanto nas capitais ficou em 7,4%. Contribuiu para isso o fato de que, em muitas unidades da Federação, o aumento foi vertiginoso. É o caso do Maranhão, onde o número de mortes praticamente triplicou, e do Pará e do Piauí, onde mais que duplicou.

O coordenador do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz, atribuiu essa discrepância à maior concentração da fiscalização e das campanhas educativas e à melhor estrutura de ordenamento nas vias públicas, entre outras. Praticamente a metade das capitais — 13 ao todo — registrou redução nas mortalidades do trânsito (Belém, Natal e Porto Alegre entre as que mais conseguiram reduzir seus índices), mas cidades como Teresina foram na contramão desta tendência. A capital piauiense é uma das quatro capitais a figurar na lista de 50 cidades com maiores taxas de óbitos de motociclistas em 2010, com 30,9 mortes/100 mil habitantes.

Nessa relação, fica evidente a interiorização do fenômeno do uso da motocicleta e, triste consequência, do aumento das vítimas fatais. As oito primeiras colocadas são todas cidades do interior do Norte e do Nordeste, encabeçadas por Barbalha (CE). Município com 55.323 habitantes e uma frota de 4.792 motos, Barbalha registrou 84 mortes no trânsito em 2010, 36 das quais de motociclistas. A taxa por 100 mil habitantes é de impressionantes 65,4 óbitos, três vezes maior que a média nacional (21,5).

Interiorização

De acordo com o Mapa da Violência 2012, em cinco estados das Regiões Norte e Nordeste as mortes de motociclistas já respondem por mais da metade do total, muito acima da média nacional, de 32,8%: Amapá (62,5%), Acre (57,5%), Piauí (57,4%), Paraíba (51,7%) e Rio Grande do Norte (51,2%). A diferença entre as regiões mais e menos desenvolvidas do país, neste quesito, é colossal. Enquanto no Sul e Sudeste o estado com pior índice é o Espírito Santo (35,6%), nas demais regiões só três unidades federadas ficaram abaixo do patamar de 30%: Bahia (23,1%), Distrito Federal (23,5%) e Amazonas (25,6%).

No estudo Mortalidade por Acidentes de Transporte Terrestre no Brasil na Última Década: tendência e aglomerados de risco, publicado pela revista Ciência & Saúde Coletiva em setembro passado, outra estatística comprova a amplificação das mortes de motociclistas no interior. Em 2000, dez aglomerados que somavam 1.020 municípios (18,5% do total) e 25.422.029 habitantes (15% da população) respondiam por quase a metade (46%) dos óbitos de motociclistas naquele ano (1.010). Dez anos depois, os aglomerados passaram de 10 para 14, de 1.020 para 1.674 municípios e 40,8% do total de óbitos de ocupantes de motos.

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“O jumento, o jegue está sendo substituído pela motocicleta! No Amazonas, em muitas cidades, não há carros, mas muitas motocicletas! E, por ser cidade pequena, a gente acha que não tem acidentes, mas tem muitos!”, comentou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Marta Maria Alves da Silva, do Ministério da Saúde, lembrou que, no caso de motocicletas, os líderes são Piauí, Roraima, Sergipe,Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Houve aumento do número de mortes envolvendo motociclistas em todos os estados à exceção do Acre e do Amazonas. Outro dado preocupante é o aumento da mortalidade em municípios de pequeno porte, com menos de 20 mil habitantes, onde há precariedade ou ausência de transporte público e insuficiência de fiscalização.

“Não é nos grotões do país! Vimos a imagem, registrada em Brasília! Em Taguatinga [cidade-satélite da capital federal], uma moto com quatro ou cinco pessoas, com uma criança na frente. Aquilo é a crônica anunciada de uma tragédia. Poderiam morrer quatro pessoas ao mesmo tempo, com essa irresponsabilidade. A fiscalização é muito importante, mas cada cidadão precisa entender que é dono da sua sobrevivência, da sua vida”, assusta-se a senadora Ana Amélia (PP-RS).

O crescimento dos acidentes de motocicletas acaba causando sobrecarga aos já habitualmente precários sistemas públicos de atendimento médico-hospitalar (leia mais sobre o assunto na pág. 23).

Levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em Sergipe, o custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo SUS cresceu 114% de 2008 a 2011, passando de R$ 204 mil para R$ 438 mil. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das internações que saltou de 196 para 515 hospitalizados no período. O número de mortes por este tipo de acidente também aumentou no estado, passando de 172, em 2008, para 268 em 2010.

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palavras-chave: motociclista, capital, interior, zona rural, mortalidade

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