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Sistemas de monitoramento e avaliação são fundamentais para redução de acidentes

Sistemas precisos e claros de processamento de dados sobre acidentes de trânsito podem levar os países a vencer os fatores-chave que provocam 1,25 milhão de mortes no trânsito por ano no mundo.

Essa foi uma das conclusões do painel realizado nesta quinta-feira (19), durante a 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito, que promoveu a partilha de experiências entre representantes de sete países sobre os seus sistemas de coleta e cruzamento de informações de acidentes de trânsito para ações locais de segurança.

Brasil, Guatemala, Ilhas Salomão, México, Nicarágua, Tailândia e Zâmbia apresentaram seus avanços, mas também muitos de seus desafios. O maior problema, de acordo com os países participantes do debate, é a falta de padronização das informações.

“A consolidação de dados, muitas vezes, nem acontece em muitos países. Há nações em que as informações municipais não chegam nos relatórios federais. Há ainda diferenças de terminologia. O que significa objetivamente, por exemplo, uma ‘pessoa ferida gravemente’ em diferentes regiões de um país ou mesmo entre diferentes países do mundo?”, provoca o secretário-geral do Fórum Internacional de Transporte, José Viegas. “Nós oferecemos um glossário no site do Fórum Internacional de Transportes que pode ajudar na padronização”, sugere.

O México possui um sistema em que o setor de saúde registra em detalhes o histórico médico dos motoristas. Diante de um acidente, há um cruzamento de dados entre estas informações de saúde e informações referentes à situação do acidente, que possibilitam saber em que medida as condições de saúde do condutor interferiram naquela situação. No entanto, mesmo com o sistema em funcionamento, em muitos casos, não há o preenchimento adequado dos dados e esse cruzamento não é satisfatório.

Já a Zâmbia tem investido em estrutura de atendimento pós-acidente com ambulâncias bem equipadas, mas encontra problemas entre dados fornecidos pela polícia e os hospitais. Uma vítima de acidente conduzida ao hospital pela polícia, por exemplo, depois de internada passa a ser tratada como um paciente comum, sem que conste nas estatísticas de trânsito.

A experiência brasileira foi apresentada a partir dos avanços do projeto multisetorial “Vida no Trânsito”, coordenado pelo Ministério da Saúde. Por meio do aprimoramento no refinamento e na unificação de indicadores e com estratégias de ensino a distância, o Brasil tem dado passos largos na coleta de dados. Uma parceria com as universidades federais de Minas Gerais e de Goiás permitiu que o país avançasse para ter dados cada vez mais precisos e contar com estratégias de captação e cruzamento de informações que envolvem atores nos níveis federal, estadual e municipal.

No entanto, ainda existem gargalos que precisam ser sanados. “Há situações que precisam ser decifradas. Por exemplo, quando uma pessoa alcoolizada e se envolve em um acidente aqui no Brasil, chama-se às pressas um amigo para levá-la ao hospital por medo de a polícia vir e aplicar penalidades no condutor. Isso é difícil de ser mapeado”, enfatiza Otaliba Libânio Neto, da Universidade Federal de Goiás.

A padronização dos indicadores de acidentes de trânsito, entretanto, não é apenas um desafio dos países em desenvolvimento. Durante o debate, os especialistas apontaram algumas daquelas que podem ser as diretrizes para o sucesso do monitoramento dos acidentes de trânsito: uniformização internacional de indicadores que permitam um avanço global da identificação de fatores de risco locais; detalhamentos de informações sobre condições do acidente, das vias, do que provocou os traumas ou lesões na vítima; dados do atendimento pós-acidente; histórico dos veículos e acidentados. Tudo isso, por meio de abordagens intersetoriais e multidisciplinares.
Da Agência Saúde

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