Brasileiros dominam mercado londrino
"O caso londrino é ilustrativo de como o cumprimento da lei pode, efetivamente, contribuir para reduzir a mortalidade".
Artigo publicado pelo Senado na revista « Em discussão », em número especial, com título « Explosão de motos e mortes » de Novembro 2012 (página 48).
A forte emigração de brasileiros, durante a década de 1990, gerou um subproduto que se pode encontrar em meio ao conturbado tráfego de Londres: os motofretistas brasileiros. De acordo com João Pedro Corrêa, escritor, consultor em comunicação e fundador do Programa Volvo de Segurança no Trânsito, há pelo menos 1.500 couriers (como são chamados por lá) trabalhando em entregas e enfrentando, ainda que em menor escala, os mesmos problemas vividos por seus colegas brasileiros, em especial a segurança no trabalho.
“Vários deles (nem todos) eram motoqueiros no Brasil e foram para Londres para ganhar a vida e voltar talvez um dia para abrir o seu próprio negócio aqui. Os concorrentes são os poloneses”, relatou Corrêa em seu livro 20 Anos de Lições do Trânsito. Segundo os brasileiros com quem Corrêa conversou, há muitos acidentes envolvendo os motoboys, mas não nas dimensões do que tem ocorrido no Brasil.
Mas existem diferenças importantes entre ser motofretista em uma metrópole brasileira e trabalhar no trânsito londrino. Na Inglaterra, as motos são maiores, em geral de 500 ou 600 cilindradas. O seguro é ainda mais caro do que no Brasil, mas ninguém pode rodar sem ele. São exigidas roupas especiais para trabalhar e a fiscalização é rigorosa. Por último, mas não menos importante, é o temor de que um deslize por imprudência possa levar à deportação do país.
“O motofretista brasileiro sabe que, se for reincidente em acidentes e considerado culpado, pode ser deportado. Ele vai evitar isso a qualquer preço, o que melhora consideravelmente o seu comportamento”, explicou João Pedro Corrêa, ressaltando que lá também há os que se arriscam demais nas manobras e na velocidade.“O que se vê no trânsito brasileiro— motoqueiros ziguezagueando entre os carros — você vê pelas ruas de Londres”, completou o escritor e consultor em segurança de trânsito.
Exemplo importante
Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), o caso londrino é ilustrativo de como o cumprimento da lei pode, efetivamente, contribuir para reduzir a mortalidade. “Lá, os órgãos responsáveis pela fiscalização funcionam e existem consequências. No nosso país, lamentavelmente, praticamos o jeitinho, para aliviar a multa como bem conhecemos”.
Felipe Carmona, advogado especialista em trânsito, acredita que Londres está “no nível em que queremos chegar, com menos acidentes, mas com elevação da legislação e da fiscalização”.
O problema é que, entre itens de segurança, seguro obrigatório, esse nível de regularização pode pesar no bolso dos motociclistas brasileiros. A realidade, porém, é que, principalmente no Norte e no Nordeste, muitas vezes usam o dinheiro que deveria pagar o curso de formação e as taxas de habilitação justamente para comprar a moto.
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