Uma pessoa que sofre uma lesão medular consegue se recuperar?
Artigo publicado no portal MedicSupply / Blog Dicas de Saúde
A personagem Luciana, interpretada pela atriz Aline Moraes na novela Viver a Vida, está passando por uma situação delicada após ter sofrido um grave acidente que lhe causou uma lesão medular.
Os espectadores que costumam acompanhar a novela torcem para que Luciana se recupere e volte a ter a vida que tinha antes. A dúvida que fica é seguinte: na vida real, uma pessoa que sofre uma lesão medular consegue se recuperar? Confira a resposta da Dra. Adriana Cristante, médica fisiatra da Clínica de Lesão Medular da AACD para esta e outras perguntas sobre o tema.
Quando uma pessoa sofre uma lesão medular o quadro clínico depende do nível e do grau de lesão. Quanto ao nível, ela pode ter paraplegia (quando há comprometimento da comunicação entre o cérebro e os membros inferiores) ou tetraplegia (quando há comprometimento da comunicação entre o cérebro e membros superiores e inferiores).
Quanto ao grau pode haver uma lesão medular completa (quando ocorre total interrupção da comunicação abaixo do nível da lesão medular com o cérebro), ou uma lesão incompleta (por ser lesão medular parcial, algumas informações passam e, portanto, estes pacientes podem ter algum grau de força voluntária e/ou sensibilidade abaixo do nível da lesão medular).
Dentre as principais causas de lesão medular estão as traumáticas – que na população de pacientes atendidos pela AACD está em torno de 75% (podendo ser destacados os acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, quedas e mergulho em águas rasas, entre outras). Mas também existem as etiologias (causas) não traumáticas como algumas infecções (por alguns tipos de vírus, por exemplo), tumores, causas vasculares entre outras.
A recuperação de força e sensibilidade poderá acontecer em algum grau apenas para as pessoas que tiveram a lesão medular incompleta.
Quando o paciente sofre uma lesão traumática é inicialmente avaliado por cirurgião de coluna (ortopedista ou neurocirurgião), para se realizar o alinhamento e a estabilização da fratura. O paciente, então, deve iniciar o tratamento de reabilitação, que visa cuidar dos aspectos clínicos como: reeducação do esvaziamento da bexiga, restabelecimento do hábito intestinal, prevenção de lesões de pele (por falta de sensibilidade), estimular o potencial residual deste paciente para atingir a independência, na medida do possível, para realização de atividades de vida diária (como alimentar-se, vestir-se, tomar banho, escovar os dentes – entre outras) e, finalmente, mesmo com as sequelas, propiciar que este indivíduo retorne ao convívio social em todos os aspectos (trabalho, lazer, namoro, família). A equipe de reabilitação é multidisciplinar, composta por médico fisiatra, urologista, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social e técnico em órteses (aparelhos ou dispositivos ortopédicos de uso provisório).
Assim como o paciente, a família deve receber todas as orientações já que muitas vezes o paciente terá algum grau de dependência de outras pessoas. Mas é importante que a família participe do processo de reabilitação estimulando que, aquilo que o paciente possa fazer de maneira independente, ele mesmo o faça, e facilite ou propicie também a inclusão destes pacientes ao convívio social.
Frente a uma situação nova como esta é interessante que pacientes e familiares desde o inicio busquem informar-se sobre a lesão medular, sejam encaminhados para centros de reabilitação especializados nesta área, que contem com equipe multidisciplinar, e também troquem experiências com outras pessoas que passaram por experiências semelhantes.
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